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Creche para cães tem crescido em Santa Maria; conheça os locais e saiba como funciona a rotina

Creche para cães tem crescido em Santa Maria; conheça os locais e saiba como funciona a rotina

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Para muitas pessoas, os animais de estimação são considerados membros da família. Os cachorros que, antigamente, viviam somente em pátios passaram a estar dentro de casa junto com os tutores e, assim, começaram a receber um tratamento diferente daquele que até então era comum. Com essas mudanças na relação entre humanos e pets, crescem os serviços que são oferecidos para os bichinhos e, consequentemente, também aumenta o faturamento do mercado voltado para o setor. Atualmente, dentre os negócios existentes, um vem se destacando em Santa Maria: as creches para cães.

– Cada vez mais, as pessoas têm os pets vivendo junto ao seu modelo de rotina, em que a pessoa trabalha ou estuda e precisa que os animais tenham as suas necessidades atendidas, porque cachorro não nasceu para viver confinado em apartamento. Então, o pet também precisa ter as suas necessidades atendidas e a creche é maravilhosa para isso – relata Marcelo Ilha, proprietário do Espaço Pet.

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Esses espaços foram pensados para que os cães tenham uma rotina de bem-estar com foco no comportamento cognitivo, físico e social. Na prática, cada local cria uma programação diária com tarefas que promovem estímulo mental, interação e gasto energético. Nas creches, os animais também têm horário estabelecido para refeições, descanso e limpeza.,

– A ideia da creche é dar um suporte para o cachorro gastar as energias e fazer a socialização. Nossa rotina também inclui treinos de comando e obediência para dar um suporte comportamental para os cães aprenderem a conviver com outros cães porque se eles não têm esses treinamentos, eles podem até ficar no mesmo ambiente, mas podem não respeitar o espaço do outro e gerar brigas. Como trabalhamos com foco na educação, precisamos dar esse suporte para todos os cães que estão aqui. Então, eles vão aprender brincando, essa é a nossa base – explica Roberta Felice, proprietária da Santo Cusco.

Em Santa Maria, pelo menos, cinco espaços recebem cães para creche e também hospedagem: Marcelo Ilha Espaço Pet, Santo Cusco, Brisa Petsitter, Caramelo Creche Pet e Refúgio da Tia Mi. O Diário esteve em dois destes locais para conhecer o serviço e acompanhar a rotina dos cachorros que frequentam as creches.

Creche de Marcelo Ilha atende cerca de 100 cães por dia

O veterinário Marcelo Ilha se identifica como um “cachorreiro nato” e há, pelo menos, 15 anos trabalha com pets. Ele começou na área como dog walker (passeador de cães) e pet sitter (cuidador de animais). A decisão de investir na creche e no hotel foi tomada quando Marcelo percebeu que existia uma demanda na cidade para um novo modelo de serviço:

– Eu cuidava dos cães e dos gatos dos outros quando as pessoas iam viajar, mas quando eu viajava, não tinha onde deixar meu cachorro porque o modelo que tinha na cidade de hotel era somente aquele com gaiolas, que o cachorro ficava preso e eu pensava “meu cachorro que fica dentro de casa, comigo no sofá, não pode ficar dentro de uma gaiola”. Então, em 2016, criei a primeira creche e hotel livre de confinamento em Santa Maria e, claro, todos os clientes que eu já atendia migraram para esse negócio – conta.

Marcelo Ilha e alguns cães que frequentam a crecheFoto: Nathália Schneider (Diário)

Desde então, a empresa cresceu e, hoje, conta com duas unidades, uma em Camobi com creche e hotel, e outra no Centro, com creche apenas, além da loja Best Bicho Pet Store com duas filiais. 

Em cada uma das creches, são atendidos cerca de 50 cães por dia. Segundo Marcelo, os espaços funcionam da mesma forma que uma creche humana, com atividades programadas para o dia todo, além de horário para chegada e saída. A rotina é tão semelhante que os pets têm até mochila e caderno de aviso para os tutores.

– Cães se comportam como crianças. Temos uma rotina de atividades pensada para estimular eles, como enriquecimento ambiental, olfativo, sensorial, cognitivo e tambématividades para gasto energético, afinal, temos cachorros de todo porte, do chiuaua ao dog alemão, cada um em cada fase da vida, dos bebês aos cães idosos. Todas as atividades são pensadas para trazer estímulo e equilíbrio para a vida desses pets. Temos também atividades temáticas, como gincanas para os pets e pais – comenta o veterinário.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Dentre os alunos do espaço, estão Leopoldo, Napoleão e Afonso. Os três poodles gigantes frequentam o local em turno integral, todos os dias da semana, desde quando eram filhotes. A dona dos pets, a veterinária, Desydere Pereira, 35 anos, afirma que não consegue viver sem a creche, principalmente pelos benefícios relacionados à convivência com outros animais e a prática diária de atividades.

– Hoje em dia, eu vivo em apartamento, estou para me mudar para uma casa, mas mesmo tendo a casa, eles têm que ter a convivência com outros animais. Também tem essa questão de atividades e rotina porque um cão é que nem criança. Às vezes, o pessoal pensa que ele vai passar o dia inteiro correndo, mas não, tem o horário de alimentação e descanso. Eles precisam dessas atividades porque aqui estão em contato com outros animais e pessoas e, principalmente, não estão sozinhos em casa por horas e horas. Aqui eles tem os colegas, os monitores e eles são apaixonados por isso – diz Desydere.

Desydere Pereira e os seus poodles gigantes, Napoleão e AfonsoFoto: Nathália Schneider (Diário)

Além das creches, do hotel e das lojas, Marcelo também presta consultorias para quem tem interesse em ingressar neste ramo e abrir um estabelecimento que receba cães diariamente.

Aprender brincando é o foco da Santo Cusco

Desde junho de 2022, a Santa Cusco atende cães com creche e hotel, no Bairro Centro, em Santa Maria. O empreendimento, que é recente, foi criado a partir do momento em que a proprietária, a fisioterapeuta, Roberta Felice, decidiu investir em um modelo de negócio com as características que ela acredita serem essenciais para os pets, que envolvem além da recreação, momentos de educação comportamental.

– Eu adotei o Kim, ele tinha um ano de idade, e já frequentava um espaço aqui em Santa Maria, só que algumas coisas não estavam de acordo com o meu ideal de atendimento. Então, eu fui procurar outros espaços que oferecessem tudo que eu gostaria para ele, com o que eu achava que era importante para ele, e não tinha na cidade. Resolvi investir para fazer um espaço de acordo com o que eu acreditava que seria o ideal. Eu não tinha um centavo naquela época, mas já tinha feito cursos sobre comportamento canino. Fui procurando espaços, fiz empréstimo, buscando pessoas e chamei uma veterinária também – lembra Roberta.

O labrador Kim, da proprietária da Santo Cusco, Roberta FeliceFoto: Nathália Schneider (Diário)

Desde o início do trabalho, Roberta, em conjunto com o marido, optou por priorizar os atendimentos com um número reduzido de cães. Os pets que frequentam a creche chegam pela manhã, passam pela recepção em que alguns precisam ficar um momento afastados para se acalmar e, na sequência, vão para a socialização com o restante dos colegas.

Após o almoço e o horário de descanso, pela tarde, os cachorros podem brincar e realizar atividades de enriquecimento ambiental, que trazem desafios e melhoram o comportamento dos cães. Ao longo do dia, os bichinhos também aprendem comandos.

Roberta Felice e alguns cães que frequentam a Santo CuscoFoto: Nathália Schneider (Diário)

– Como tentamos fazer um trabalho mais direcionado para a individualidade dos cães, não conseguimos atender muitos cachorros. Hoje, temos dias que atendemos entre 13 e 14 cães. As atividades são pensadas para suprir todos os gastos de energia, mental e físico. Existe uma programação diária. Eles entram, socializam e baixam um pouco a energia para depois fazermos as atividades de tarde. Além de respeitar o limite de cada cachorro, primeiro, antes de brincar e fazer o enriquecimento ambiental, precisamos ensinar os comandos, alguns precisam perder medos, apresentamos também os brinquedos e os outros cachorros, para, depois, conseguirmos fazer essas atividades – detalha Roberta.

Nuvem é uma das alunas da Santo CuscoFoto: Nathália Schneider (Diário)

Na Santo Cusco, o atendimento reduzido também permite que o trabalho inclua os pets com problemas comportamentais leves. Roberta fala que, por isso, existe uma parceria com outras creches, que indicam os clientes para a Santo Cusco em casos como esses:

– A maioria das creches são recreativas para o cachorro brincar, para isso, ele não pode ter nenhum problema comportamental, não pode ser possessivo e invasivo. Trabalhamos de uma forma diferente porque conseguimos receber cachorros que têm problemas comportamentais leves e trabalhamos com isso. Nós também somos a única creche que tem suporte de lesão em Santa Maria, se acontecer qualquer coisa com o cachorro, vamos cobrir os custos.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Uma das alunas da Santo Cusco é a Filó, que frequenta a creche desde agosto do ano passado. A tutora, a atriz Candice Lorenzoni, 51 anos, conta que decidiu utilizar esse tipo de serviço devido ao seu cotidiano e aos benefícios que o espaço traz para o bem-estar da Filó:

– Eu morava em Itaara e lá ela tinha uma vida muito mais livre. Vim para apartamento e a primeira coisa que pensei foi que precisava achar um lugar para deixá-la porque tenho uma vida bastante atribulada e, às vezes, fico o dia todo fora. Me indicaram a Santo Cusco, trouxe a Filó para fazer a adaptação e logo vi que tinha um diferencial no trabalho. Eu gosto porque faz muita diferença para o desenvolvimento e comportamento da Filó. Ela vem daqui tranquilíssima, dorme por horas, porque ela brinca muito e aproveita. Na rua, ela caminha melhor, não sai desesperada. Quando ela vê outro cachorro também está um pouco melhor, porque antes ela era muito arredia. É muito legal esse retorno que vemos no dia a dia – conta Candice.

Filó e a tutora, Candice LorenzoniFoto: Nathália Schneider (Diário)

Quais os requisitos para ir nas creches?

  • Os cães precisam estar com as vacinas, vermífugos e antipulgas em dia
  • Todos passam por um período de adaptação e avaliação comportamental
  • Na Santo Cusco, os pets precisam ser castrados e não ter histórico de agressividade
  • No Marcelo Ilha Espaço Pet, machos precisam ser castrados e as fêmeas não podem estar no período de cio

Como é o acompanhamento dos cães nas creches?

  • Ambas possuem monitoramento por câmeras, equipe para atender os cães durante a creche/hospedagem e médico veterinário responsável pelo local

Quanto custa?

  • As diárias custam entre R$ 45 (meio período) e R$ 60 (turno integral)

Para conhecer os locais e agendar adaptação é preciso entrar em contato previamente com as creches por meio do Whatsapp ou redes sociais.

Contatos

Marcelo Ilha Espaço Pet

Santo Cusco

Foto: Nathália Schneider (Diário)

O crescimento do setor

De acordo com a Associação Brasileira de Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil tem a segunda maior população de cães e gatos do mundo.

População de pets no Brasil em 2022

  • Cães: 67,8 milhões
  • Gatos: 33,6 milhões

Dentre as atividades que movimentam o setor, estão aquelas relacionadas à alimentação (rações, petiscos e alimentos naturais), veterinário (consultas e medicamentos), e outras demandas relacionados a cuidados e serviços, como acessórios, produtos de higiêne e beleza, planos de saúde, creches, hotéis, serviço funeral, dentre outras.

Em 2022, o faturamento do setor ficou em R$ 41,96 bilhões, tornando o Brasil um dos maiores mercados pets no mundo todo. Em quatro anos, os lucros dobraram, já que em 2018, a indústria tinha faturado R$ 20,3 bilhões.

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